Alta histórica do ouro – Ouro supera US$ 3.500
Alta histórica do ouro acende alerta global sobre economia dos EUA
O mercado financeiro global começou esta terça-feira, 22 de abril de 2025, com um marco histórico: o preço do ouro ultrapassou pela primeira vez que Ouro supera US$ 3.500 por onça. O movimento reflete a fuga de capitais de ativos dos Estados Unidos, diante da crescente incerteza sobre a política monetária americana e rumores de que o presidente Donald Trump poderia demitir Jerome Powell, presidente do Federal Reserve.
Esse cenário fez com que investidores buscassem refúgio em ativos tradicionalmente considerados seguros, como o próprio ouro, o franco suíço e o iene japonês. A valorização do metal precioso destaca um sentimento de desconfiança crescente em relação à estabilidade política e econômica dos EUA — o que pode ter efeitos profundos sobre os mercados globais.
Por que o ouro subiu tanto em 2025?
Pressão política sobre o Federal Reserve
A disparada do ouro (Ouro supera US$ 3.500) está diretamente ligada às tensões entre Donald Trump e o Fed. O atual presidente dos EUA tem feito críticas constantes a Jerome Powell, exigindo cortes agressivos nas taxas de juros para estimular a economia. Segundo fontes próximas ao governo, há receio real de que Trump possa remover Powell do cargo, um movimento que colocaria em xeque a independência do banco central mais influente do mundo.
A ameaça à autonomia do Fed gera instabilidade, pois o mercado entende que a política monetária deve ser conduzida de forma técnica, e não subordinada a interesses políticos. A possibilidade de uma interferência direta nessa instituição cria um clima de aversão ao risco e enfraquece o dólar, como já se viu com a moeda atingindo os níveis mais baixos desde 2023.
Ouro como proteção em tempos de incerteza – Ouro supera US$ 3.500
Em momentos de crise política e econômica, os investidores tradicionalmente buscam ativos que ofereçam segurança e preservação de valor. O ouro é considerado um “porto seguro” em cenários turbulentos, pois tende a manter seu valor mesmo quando moedas e ações sofrem desvalorização.
Em 2025, além da tensão com o Fed, os EUA enfrentam um contexto eleitoral incerto, com as eleições presidenciais se aproximando e o risco de instabilidade institucional aumentando. Isso contribui para o fortalecimento da demanda por ouro como proteção.
A “narrativa da venda da América” e seus impactos
Segundo Lee Liang Le, analista da Kallanish Index Services, o movimento atual dos mercados indica uma perda de confiança nos Estados Unidos. “A alta acelerada do ouro neste ano mostra que os mercados têm menos confiança nos EUA do que nunca”, afirmou.
Essa percepção está sendo chamada por alguns analistas de “venda da América”, uma alusão ao colapso de credibilidade que afeta não apenas o mercado de ações, mas também os títulos do Tesouro e o próprio dólar. Investidores institucionais globais estão reavaliando suas posições em ativos americanos e migrando para opções mais neutras ou independentes da política dos EUA.
Comparativo histórico: o ouro e crises anteriores
Ouro supera US$ 3.500: o que isso representa?
Até pouco tempo atrás, a maior cotação histórica do ouro havia ocorrido durante a pandemia de COVID-19, quando o metal atingiu cerca de US$ 2.070 por onça em 2020. Desde então, o metal subiu progressivamente, com destaque para os anos de 2023 e 2024, quando o cenário inflacionário mundial e conflitos geopolíticos já sinalizavam uma tendência de valorização.
Romper a barreira dos US$ 3.500 representa não apenas um novo recorde nominal, mas um sinal de desorganização nas expectativas do mercado global quanto ao papel dos Estados Unidos como centro de estabilidade.
Efeitos no Brasil: como o ouro impacta os investidores brasileiros?
Valorização do ouro em reais
Com o dólar em queda, mas ainda relativamente valorizado frente ao real, o ouro também se valoriza no mercado doméstico. Em 2025, o grama do ouro no Brasil já superava os R$ 370, o que atraiu a atenção tanto de investidores experientes quanto de iniciantes buscando proteção.
Fundos de ouro e ETFs sobem na B3
Com a escalada internacional do preço do ouro, os fundos de investimento atrelados ao metal e os ETFs como o GOLD11 se tornaram destaque de valorização na Bolsa brasileira. Esses ativos permitem que o investidor local tenha exposição ao ouro sem a necessidade de comprar o metal físico.
Reposicionamento de portfólios
Diante desse cenário, onde o Ouro supera US$ 3.500, gestores de recursos estão reavaliando a composição dos portfólios, aumentando a alocação em ativos de proteção e reduzindo exposição direta aos mercados norte-americanos. Fundos multimercados e de previdência já começam a refletir esse reposicionamento estratégico.
O que esperar agora? Cenários possíveis para o ouro e o mercado global
Manutenção do cenário de incerteza
Se as tensões políticas nos EUA continuarem a crescer e Trump mantiver o discurso de interferência no Fed, a tendência é que o ouro continue valorizado. O mercado costuma precificar o risco antes dos fatos concretos, e o medo de uma crise institucional é um dos principais catalisadores da alta.
Retomada da confiança
Por outro lado, caso haja um recuo de Trump nas ameaças ao banco central, ou se Powell conseguir manter sua posição com apoio político, é possível que os ativos americanos se recuperem e o ouro perca parte do fôlego. A realização de lucros, aliás, já ocorreu nesta terça-feira após a máxima histórica, com o ouro recuando ligeiramente.
Conclusão: o ouro é o termômetro do medo
Mais do que uma simples commodity, o ouro se tornou em 2025 um termômetro global do medo. A sua disparada até os US$ 3.500 por onça reflete não apenas os fundamentos econômicos, mas também uma crise de confiança política. Para o investidor brasileiro, esse movimento oferece oportunidades — mas também exige cautela e atenção à geopolítica.
A volatilidade deve permanecer alta nas próximas semanas, e o ouro pode seguir sendo o protagonista nos mercados globais enquanto as incertezas não forem dissipadas.